Segundo declaração do cabo Gerson em um Processo Administrativo (PAD), eles também estariam envolvidos em escutas ilegais de modo a “viabilizar” investigações e ações judiciais. O PAD foi interposto pelo cabo Gerson com o objetivo de obter acordo de colaboração premiada com o Ministério Público em Mato Grosso.
Em despacho datado de 5 de julho, o Procurador de Justiça e coordenador do Núcleo de Ações de Competência Originária Criminal (Naco), do MPE-MT, Domingos Sávio de Barros Arruda, revela que o cabo Gerson apresentou documentos e provas que apontam a existência de “manipulação seletiva de áudios e vídeos” em operações do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), coordenado pelo MPE-MT, e a omissão de resultados de auditoria do Guardião - um sistema oficial utilizado pelo Gaeco para a realização de interceptações telefônicas no âmbito de investigações do órgão. O PM também revela a expedição de ordens de serviço pelos promotores do Gaeco para promover a “reunião de dados no intuito de dar regularidade” das informações obtidas nas interceptações telefônicas. O PM denunciou ainda a existência de uma 'verba secreta' em benefício do Gaeco e um suposto conluio entre promotores, procuradores de Justiça e juízes em escutas ilegais que teriam sido realizadas na operação Metástase, que teve como alvo o ex-deputado José Riva. Escutas ilegais teriam sido usadas também nas operações Arqueiro e Ouro de Tolo, que culminaram na prisão da ex-primeira dama Roseli Barbosa.
Apesar disso, o coordenador do NACO recusou acordo de delação premiada alegando em seu parecer que as provas apresentadas não são inéditas, além de explicar que Gerson Correa realizou várias “conjecturas” e “insinuações”. “Diante disso pergunta-se: como celebrar um negócio jurídico com o requerente se, ao final e ao cabo, os elementos por ele trazidos não terão resultado útil algum em eventual Ação Penal? Por que seria interessante ao Ministério Público concordar com a concessão de um benefício ao delator, prestes a ser condenado, em vista do pouco - e inverossímil - que por ele é oferecido?”, argumentou o procurador.
Inquéritos
Inquéritos que apuram a “Grampolândia Pantaneira” tramitam na 7ª Vara Criminal e na Justiça Militar.
O desembargador Orlando Perri é responsável pelos inquéritos que envolvem promotores de Justiça e magistrados.
O esquema de grampos clandestinos funcionou entre 2014 e 2015 e era operado pela Polícia Militar em Mato Grosso, segundo consta na investigação policial. O esquema foi denunciado à Procuradoria-Geral da República pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, ex-secretário de Estado de Justiça.
Foram alvos dos grampos políticos, advogados, médicos, jornalistas e até membros do Judiciário. Os telefones foram incluídos em uma investigação sobre tráfico de drogas que teria o envolvimento de policiais militares. O grampo ocorreu, assim, na modalidade conhecida como 'barriga de aluguel'. (Com informações do GD e Folhamax)
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